Introdução

Disfunção erétil se define como a incapacidade de obter ou manter uma ereção peniana suficiente para permitir um desempenho sexual satisfatório, que ocorre de forma recorrente. Apesar de ser uma doença benigna acarreta grande desconforto físico e psicológico que afeta intensamente a qualidade de vida do paciente e sua parceira.É a disfunção sexual mais comum nos homens a partir da quinta década de vida.

Estudo clássico conhecido como Massachussets Male Aging Study1 demonstrou que cerca de 52% dos homens entre 40 e 70 anos apresentavam algum grau de disfunção erétil nos EUA. No Brasil, esses números são semelhantes com uma incidência de 48%, segundo trabalho de Moreira et al2. Estes mesmos estudos demonstraram uma incidência de 26 novos casos de DE para cada 1000 homens anualmente nos EUA, comparados a 65 novos casos para cada mil homens no Brasil. Essa diferença pode ser explicada pelas diferentes metodologias empregadas, nível sócio econômico e idade da população estudada.

Até a década de 90 pouco se conhecia sobre a fisiologia da ereção e sendo assim poucos tratamentos mostravam eficácia. No final da década de 90 com a descoberta dos inibidores da fosfodiesterase, houve uma revolução no campo da disfunção erétil que beneficiaram milhares de pacientes. Além disso, o aumento da longevidade da população mundial associado ao conceito de qualidade de vida estabeleceram a disfunção erétil como uma doença de alta prevalência e resolução.

 

Causas

As causas da disfunção erétil é multifatorial e para fins didáticos pode ser dividida em:

  • Vasculogênica
  • Neurogênica
  • Hormonal
  • Medicamentosa
  • Psicogênica

Habitualmente a forma mais comum é a mista, em que um ou mais fatores etiológicos estão associados. Em cerca de 70% dos casos existe algum grau de fator psicogênico que pode ter iniciado o processo ou ser consequência de outros fatores. Diversos fatores de risco para o aparecimento da disfunção erétil são bem estabelecidos como:

  • Tabagismo
  • Sedentarismo
  • Obesidade
  • Dislipidemia
  • Hipertensão arterial
 

Diagnóstico

Após o aparecimento dos IFDE-5 para o tratamento da DE, os médicos de forma geral, perderam o “interesse” em realizar o diagnóstico etiológico da DE, pois estes medicamentos são bastante efetivos para o tratamento da grande maioria dos casos. No entanto, mesmo na era das drogas via oral, este esforço para identificar a exata etiologia da doença deve ser feito, pois proporciona tranqüilidade ao paciente e além disso pode identificar doenças adjacentes importantes (doenças cardiovasculares, diabetes, distúrbios hormonais e etc). A DE pode ser a primeira manifestação de uma doença cardiovascular adjacente 11.

Tudo se inicia com uma boa conversa em que se estabelece uma relação de confiança entre médico e paciente. Nesta etapa deve-se estabelecer a queixa principal como sendo a disfunção erétil e diferenciar de outros distúrbios sexuais, como os ejaculatórios e de desejo sexual. A pesquisa de doenças associadas, uso de medicamentos e/ ou drogas recreacionais, tabagismo, etilismo, cirurgias ( principalmente pélvicas e urológicas), radio ou quimioterapia prévia e história de trauma genito- perineal deve ser realizada.

Anamnese e exame físico bem feitos direcionam de forma adequada o restante dos exames complementares. Os exames laboratoriais básicos que devem ser solicitados são: glicemia de jejum, perfil lipidêmico e dosagem de testosterona total pela manhã. Outros exames complementares só devem ser solicitados em casos específicos e se agregarem algum valor na terapêutica a ser adotada:

Teste de ereção fármaco induzida: exame invasivo. Atualmente realizado apenas em pacientes com indicação de terapia intracavernosa ou nos casos de Doença de Peyronie para visibilizar a curvatura peniana12. Ultrassonografia doppler de artérias cavernosas(US): indicado em casos de suspeita de lesão arterial ( traumas pélvico – genitais) ou pós radioterapia pélvica com suspeita de fístula arterio-venosa.

 

Tratamento

O paciente com disfunção erétil deve ser tratado de forma global e não focalizar a terapêutica na resolução apenas da DE como um sintoma isolado. Desta maneira, como visto anteriormente, modificações no estilo de vida, identificação e tratamento de comorbidades e escolha adequada do uso de medicações devem ser realizadas concomitantemente ao tratamento especifico para a disfunção erétil. Diversos estudos demonstram que atividade física regular, abstinência de tabagismo e etilismo, perda de peso e controle de diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial otimizam o tratamento com inibidores de fosfodiesterase13.

 

Psicoterapia

Na área psicológica, os tratamentos não são invasivos e existem há muitos anos. No entanto, ainda ocorre grande resistência por parte dos médicos e dos próprios pacientes em indicar e procurar um psicólogo para o tratamento psicoterapêutico. Pode ser realizada de forma individual ou em conjunto com a parceira (demonstra melhores resultados) por equipe de profissionais especializados. Nos casos de DE com predominância psicogênica, resultados satisfatórios variam entre 90 -96%14. No entanto, a aceitação e aderência dos pacientes se situa entre 50-60%14. Mesmo nos casos de DE orgânica, sabe-se que raramente não há um componente psicogênico envolvido e a associação de tratamento medicamentoso associado a psicoterapia pode ser benéfico ao paciente.

 

Medicações Via oral

Desde o final da década de 90 com o advento dos IFDE5, as drogas vias orais se tornaram a primeira linha de tratamento da disfunção erétil.Os quatro principais representantes são a Sildenafila, Tadalafila , Vardenafila e Lodenafila.

 

Terapia Intracavernosa

Nos pacientes refratários à medicação VO a escolha terapêutica são as injeções intracavernosas. Antes do aparecimento dos IFDE5 era o tratamento mais freqüente para DE. Apresenta eficácia de até 85%, no entanto com taxas de desistência de uso de até 50%, que ocorrem geralmente nos 2-3 primeiros meses.

 

Próteses Penianas

Em casos refratários a outras terapias ou por escolha do paciente, pode-se utilizar o implante de próteses penianas como tratamento da DE de origem orgânica. O uso em pacientes com disfunção erétil de causa psicológica deve ser visto com grande reserva e após avaliação de profissional da área psicológica.

Há dois tipos de próteses penianas: as semirígidas (maleáveis) e as infláveis, que se subdividem em próteses de 2 e 3 peças. As próteses infláveis possibilitam ao paciente a possibilidade de transformar o pênis do estado flácido para o ereto. As mais complexas, e que permitem melhor enchimento peniano, são as de três componentes: os dois cilindros intracavernosos, o reservatório que fica no espaço retropúbico e a bomba colocada na parede do escroto. Quando o paciente pretende uma ereção, comprime a bomba escrotal e o líquido que está no reservatório é transferido para os cilindros penianos. Quando quiser retornar ao estado flácido, deve comprimir a bomba novamente e o líquido percorre o sentido inverso. Para pacientes mais idosos e com menor freqüência sexual as próteses semi-rígida são uma boa opção. Estas próteses são constituídas de dois cilindros de silicones maleáveis que são colocados em cada corpo cavernoso e diminuem em certo grau a ereção peniana. A grande vantagem e de não apresentarem as complicações mecânicas inerentes as próteses infláveis.

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